CASA DE VIDRO

Introdução

Em um mundo onde os limites da realidade se entrelaçam com o desconhecido, Clara se encontra em um ponto de ruptura, onde o que é familiar se mistura com o que nunca ousou imaginar. Ao ser guiada por forças além da compreensão humana, ela atravessa um caminho repleto de mistérios e escolhas cruciais, cada uma mais desafiadora que a anterior. No coração de uma sala enigmática, diante de uma esfera luminosa que pulsa com uma energia indescritível, Clara se vê diante de um dilema que poderá alterar o curso de tudo o que conhece. Com o destino pendente de equilíbrio, ela estará obrigada a confiar em sua intuição e a abraçar a grandeza de seu papel, mesmo sem saber completamente qual será o impacto de suas ações. O que ela está prestes a descobrir vai além do que qualquer mente humana poderia conceber, revelando verdades ocultas e transformadoras que desafiam a essência própria do tempo e do espaço.

O Segredo da Casa de Vidro

Na pequena cidade de Orvalho, havia uma casa que ninguém ousava visitar: a Casa de Vidro. Localizada no topo de uma colina coberta por neblina, a mansão era conhecida pelas enormes janelas que refletiam as sombras das árvores torcidas à sua volta. Durante o dia, parecia abandonada; à noite, as luzes tremeluzentes em seu interior lançavam formas estranhas contra o vidro, como se alguém — ou algo — ainda vivesse em suas dependências.

Os moradores evitavam o local, mas a curiosidade, mas a curiosidade de Clara era incontrolável. Desde criança, ela ouvia histórias sobre o desaparecimento do arquiteto que projetou a casa. Diziam que ele construiu o lugar como um refúgio para guardar algo precioso, mas desaparecido misteriosamente numa noite chuvosa...

Agora com 23 anos, Clara decidiu desvendar o mistério. Armada com uma lanterna e um diário o qual encontrou no porão da casa de sua avó — que mencionava a casa —, ela subiu a colina numa noite de lua cheia...

Ao chegar, notou que a porta estava entreaberta, rangendo suavemente ao vento. O interior da casa era impecável, como se alguém ainda cuidasse dela. Havia móveis cobertos por lençóis brancos, mas o que mais chamou sua atenção foi um grande espelho no centro do salão principal. Ele parecia deslocado, não refletia nada imagem alguma... era intrigante...

O diário indicava que o arquiteto havia mencionado "uma verdade oculta além do vidro". Clara moveu-se devagar até o espelho e percebeu algo estranho: quando olhou fixamente, sua imagem distante, substituída por uma visão da sala iluminada com pessoas em trajetos antigos. Era como estivem a espiarem através do tempo.

De repente, Clara sentiu um arrepio percorrendo sua espinha ao ver-se cercada por rostos estranhos, desconhecidos e com formas fantasmagóricas, embora nenhum deles parecesse exatamente humano. As pessoas na sala eram quase reais, mas algo em seus movimentos e expressões pareciam errados sem coordenação. Seus sorrisos eram largos demais, suas vozes ecoavam como se vissem de um abismo, e seus olhares nunca se fixavam em nada e nem em ninguém especifico.

Ela tentou se mover, mas seus pés foram presos ao chão ao deparar-se com o arquiteto ainda como um sobra indefinida, que moveu-se lentamente e a induziu a prosseguir... 

— Você está no limite do que é real e do que nunca deveria ser tocado, Clara. — disse ele, sua voz grave, mas estranhamente reconfortante. — O espelho não é apenas um portal. É uma barreira. Aqui dentro, o tempo não segue as regras do mundo exterior, e o que está preso aqui... não deve jamais escapar... ao entrar no rol do portal... tu fostes escolhida pelo destino a ajudar-me à reequilibrar meu mundo... e proteger o teu.

— Por que eu? — perguntou Clara, tentando enganar... esquivar-se... De repente, o espelho começou a pulsar violentamente, e as paredes ao redor tremularam como se estivessem sendo balançadas. O arquiteto virou-se para Clara, seu rosto assumindo uma expressão de preocupação. Tu precisa decidir agora, se segues esta jornada ou volta ao continuar... significa que aceitas  tua saga... Clara sentiu que o peso da decisão se abater sobre ela. A espelho brilhava intensamente, como se aguardasse sua escolha e tomada de decisão. E, no fundo, ela sabia que qualquer caminho que escolhesse teria consequências que ecoariam muito além do espelho....

O Arquiteto revela — Porque tu és a primeira a entender o significado deste lugar. A primeira a ouvir o chamado — Mas o tempo é curto. O espelho não fica aberto por muito tempo, e há algo que tu precisas fazer antes que ele se feche novamente...

— No fim deste corredor há uma sala. Nela, tu encontrarás o núcleo da mansão. É um coração pulsante de energia, que mantém esta realidade unida. Algo aconteceu e o equilíbrio foi rompido. Eu estou preso, e agora Tu também está. Se não restaurarmos o equilíbrio, o portal se romperá, e tudo o que está aqui — ele pausou... olhando ao redor para as figuras estranhas centenciou — será libertado no seu mundo e o tornará em um pandemônio descontrolado e necio.

Clara hesitou, mas percebendo que não havia escolhas. Então seguir o arquiteto foi a única forma de entender o que realmente estava fazendo e como retornar a realidade do seu mundo.

Ela começou a caminhar pelo corredor, com o som de passos leves e ecoantes a acompanhando. As paredes pareciam se mover, como se fossem feitas de vidro líquido, refletindo fragmentos de sua própria imagem misturados a sombras que não pertenciam a ela.

Clara recuou...  pois até ali, ainda não tinha plena consciência real de onde estava...

— Quem é você?

— O arquiteto — respondeu ele. — Um prisioneiro entre tempos, entre mundos e entre séculos.

Ele explicou que a casa de vidro era um portal, um ponto de convergência entre o presente e o passado e o futuro. O espelho era a âncora, uma invenção criada para guardar segredos e evitar que verdades perigosas escapassem e que não eram de domínio da humanidade. Porém, algo deu errado, e fiquei preso em minha própria insensatez e arrogância.

— Você pode me libertar — disse o arquiteto, sua figura ficando cada vez mais nítida. — Mas será necessário entrar no espelho e enfrentar os teus próprios medos...

Havia uma inscrição gravada no topo, em uma língua que Clara não reconhecia, mas que sua mente parecia compreender instintivamente: "A Verdade Reflete a Essência do que Somos, do que Temos e Vivemos"

Ele foi indicado para a esfera, que agora pulsava de forma errática, alternando entre brilhos cegantes e sombras quase impenetráveis. Cada flash de luz parecia invadir seus olhos com uma força quase física, fazendo seu coração acelerar e sua mente se perder em uma névoa de confusão. A esfera, flutuando diante deles, parecia ter vida própria, como se estivesse respirando, se alimentando do ambiente ao redor. Clara podia sentir a tensão no ar, o peso daquilo que estava prestes a acontecer. O ritmo errático da esfera parecia sincronizado com o ritmo acelerado de seu coração, como se ambos compartilhassem um destino promissor. A luz cegante a fazia piscar, mas o que a mantinha ali, imóvel, era a sensação de que aquilo não era apenas um objeto; era um portal, uma chave para algo maior que ela ainda não conseguiu compreender. Cada pulsar parecia chamar por ela...

Ela estendeu a mão, hesitante, ou ar ao seu redor carregado com uma eletricidade palpável. O medo e a curiosidade se entrelaçaram dentro dela, mas não havia mais retorno. A esfera estava exigindo uma escolha, e Clara sabia, no fundo, que o destino que ela temia, mas também ansiava

Os brilhos intensos foram seguidos por momentos de escuridão profunda, criando um contraste hipnótico e desconcertante. Cada uma parecia indicar algo, como se a esfera estivesse tentando se comunicar, mas as mensagens eram distorcidas, difíceis de decifrar. Ela se deslocou-se cautelosamente, sentindo a energia estranha que emanava no lugar...

— Este é o ponto sem retorno. O que você está prestes a fazer mudará tudo.

As palavras dele ecoaram na mente dela como um alerta, mas também como uma convocação. Ela sentiu o peso da decisão se abater sobre seus ombros, como se o universo inteiro estivesse em suspense, esperando sua batalha começar...

Clara olhou para ele, buscando algo em seus olhos que pudesse indicar uma saída, um caminho mais fácil, mas ele nada dizia. A única coisa que restava era a esfera, que chamava por ela com uma força inegável. Ela sabia que não poderia ignorá-la. Sua mão, quase sem querer, se moveu em direção ao objeto, e com um toque suave, a esfera emitiu um brilho tão intenso que a cegou momentaneamente...

— Um som baixo e reverb vibrante, Ela tentou respirar fundo, mas o ar parecia pesado, difícil de capturar. Seus sentidos estavam em alerta máximo, como se algo muito maior estivesse prestes a acontecer, algo que ultrapassava qualquer lógica ou explicação. Clara sentiu a presença de algo observando, aguardando, e o silêncio que seguiu era carregado de expectativa...

As palavras ecoaram em sua mente, vindas de um lugar profundo e antigo, e a porta começou a se abrir lentamente. Uma luz intensa e dourada escapou pela fresta crescente, cegando Clara por um momento. Quando seus olhos se ajustam, ela  viu uma paisagem completamente diferente, como se estivesse sendo transportado para um outro mundo. O ambiente à sua frente era vasto e magnífico, com uma imensidão de estrelas brilhando no céu, espalhadas como diamantes em um manto escuro e infinito. Nas montanhas distantes...

A porta, agora completamente aberta, revelou uma passagem entre dois mundos. Clara sentiu uma sensação de vertigem, como se estivesse suspensa entre a realidade e o desconhecido, e um arrepio percorreu seu corpo. Algo a chamava, uma força invisível, mas irresistível, que parecia ter origem naquela luz dourada que agora se expandia como um oceano radiante à sua frente. Era como se o próprio universo estivesse se estendendo, convidando-a a fazer parte de algo maior, algo além dos limites do que ela havia conhecido até então. A cada passo que dava em direção à luz, Clara sentia seu corpo quase levitar, como se a gravidade não tivesse mais poder sobre ela. O ar ao seu redor vibrava com uma energia intensa, e uma sensação de plenitude tomou conta de seu ser, como se todas as peças do quebra-cabeça começassem e se encaixar...

Ela não conseguiu mais resistir. A luz parecia se infiltrar em sua pele, aquecendo-a, preenchendo-a com uma sabedoria ancestral e uma paz que ela nunca havia experimentado. Era como se a essência do cosmos estivesse dentro dela, fazendo-a se sentir em total harmonia com o universo. A sensação era indescritível, como se todas as respostas para as perguntas que ela nunca soubesse fazer sendo sussurradas diretamente em sua alma. O tempo parecia dilatar, cada segundo se estendia infinitamente, e, ao mesmo tempo, Clara sentia uma enorme harmonia em seu derredor...

Os limites de sua própria identidade surgiram a se desfazer. Ela não era mais apenas Clara, a mulher que havia vivido em um mundo limitado pela razão e pelas regras. Ela se tornou algo mais, algo além da compreensão humana. O conhecimento de um passado distante e de um futuro ainda por vir fluiu por suas veias, e ela vê que estava em um ponto de transição, espera se tornar uma testemunha e parte ativa de um grande ciclo cósmico. O medo, dúvida, tudo distante, substituído por uma confiança profunda e imensa. Ela estava pronta para abraçar seu novo destino, não como um fardo... mas como um forma leve de viver seu sonhos e sua própria realidade.

Clara avançou, seus olhos fixos na luz que agora a envolvem completamente. Ela sabia que, ao cruzar aqueles limites, não teria mais volta, mas, de alguma forma, não importava. O chamado era mais forte do que qualquer medo ou dúvida que pudesse ter. Ela estava pronta para descobrir o que se escondia além de coisas, para enfrentar o desconhecido e, finalmente, compreender sua missão...

Com um passo hesitante, ela avançou, sentindo o peso das palavras que ainda ecoavam em sua mente. Cada movimento parecia guiado por algo além de sua compreensão, e, enquanto cruzava a porta, Clara sabia que sua vida, tal como a conhecia, havia chegado ao fim. O que a aguardava além daqueles limites seria um novo começo, um destino reescrito pelas escolhas que ela mal começava a entender.

A sala era circular, com paredes feitas do mesmo vidro líquido que ela havia visto antes, mas agora refletiam paisagens impossíveis: paisagens deslumbrantes, céus estrelados, mares em calmaria. Cada reflexo parecia pertencer a um mundo diferente, como se cada imagem fosse uma janela para uma realidade alternativa, um eco distante de universos paralelos. No centro, suspensa no ar, havia uma esfera luminosa, pulsando com uma luz suave e constante. Seu brilho emanava uma energia vibrante, como se estivesse viva, respirando lentamente, e cada pulsar parecia

A esfera emitia um som sutil, quase musical, como uma melodia antiga que ecoava pelas paredes da sala. Clara sentiu uma atração irresistível, uma urgência que a fazia dar um passo em direção à esfera, como se seu próprio destino estivesse entrelaçado com luz. Ao se aproximar, o ambiente ao seu redor parecia se intensificar, as imagens refletidas nas paredes ganhando mais profundidade e movimento, como se estivessem se tornando reais, aguardando para serem descobertas

Ela estendeu a mão, hesitante, mas sabia que não havia mais caminho de volta. A esfera a aguardava, oferecendo-lhe a chave para um segredo maior, uma verdade cósmica que ela ainda não compreendia totalmente. No momento em que seu dedo tocou a superfície da esfera, uma onda de energia percorreu seu corpo, e tudo ao seu redor se desfez, dando lugar a uma nova realidade, uma nova jornada que ela estava pronta... para seguir em frente.

A esfera emitia um som baixo e rítmico, como batidas que sincronizavam com o próprio coração de Clara. Sua luz não era constante; variava entre o dourado brilhante e o vermelho profundo, como se estivesse oscilando e reagindo ao seu próprio pulso, criando uma atmosfera hipnótica. Cada mudança de cor parecia contar uma história, um ciclo de transformação que Clara sentia em sua pele, como se fosse parte de algo muito maior, algo que ultrapassava sua compreensão imediata. O ar ao seu redor vibrava com uma energia pulsante, e, poderosa...

Ela se moveu, sua respiração se tornou mais lenta e profunda, como se o próprio espaço ao seu redor estivesse influenciando cada movimento. A esfera parecia viva, como se estivesse consciente da presença dela, e cada batida que emitia a chamava, atraindo-a com uma força irresistível. Clara estendeu a mão, e, ao tocá-la, sentindo uma onda de calor atravessar seu corpo, seguida por um frio intenso, como se estivesse sendo completo com conhecimento de uma sabedoria ancestral. A luz da esfera se intensificou, preenchendo a sala e distorcendo a realidade ao seu redor, como se ela estivesse prestes a atravessar uma fronteira entre mundos. Ela não sabia o que aconteceria a seguir, mas sabia que, naquele momento, seu destino estava sendo selado.

Ela hesitou, seu instinto luta contra a necessidade de entender. Aqueles símbolos eram familiares, como se ela tivesse visto em algum lugar, ou talvez em algum sonho, mas não conseguia se lembrar. O peso da responsabilidade parecia esmagá-la, como se o que quer que ela fizesse agora tivesse consequências irreversíveis. A sensação de ser observada tornou-se mais intensa, e Clara sabia que havia algo mais, algo que estava além de sua capacidade de compreender naquele momento. A escolha... A sensação de ser observada tornou-se mais intensa, e Clara sabia que havia algo mais, algo que estava além de sua capacidade de compreender naquele momento. A escolha foi dada a ela, mas o peso daquela decisão parecia enorme, como se as consequências de seu próximo movimento fossem moldar não apenas o seu destino, mas o de muitos outros, talvez até de mundos inteiros. Ela sentiu a pressão da expectativa ao seu redor, como se os próprios elementos da sala, a esfera e os símbolos no chão, aguardando sua ocorrência, sua ação....

O ar estava carregado de uma energia densa, vibrante, que parecia se mover com vontade própria, sussurrando segredos que ela ainda não era capaz de entender. Clara olhou para a esfera novamente, e as expectativas daquele som rí

Ela fechou os olhos por um momento, tentando sentir o que sua intuição lhe dizia, mas a dúvida ainda persistia. O que aconteceria se ela escolhesse agir? O que aconteceria se você decidisse não fazer nada? O peso do desconhecido ameaçava engoli-la, mas, ao mesmo tempo, havia uma força silenciosa e poderosa dentro de si, uma voz interior que a lembrava de que ela não estava sozinha.

A sala parecia respirar, os símbolos ganhando vida sob seus pés, como se o próprio lugar estivesse se preparando para revelar um segredo antigo.

Ela deu um passo à frente, mas parou quando viu algo perturbador: sua própria imagem estava refletida nas paredes, mas as reflexões não a seguiam como deveriam. 

Eles se movem de forma independente, olhando para ela com expressões que não são facilmente decifráveis. Cada movimento parece guiado por uma vontade própria, como se assentasse em um balé silencioso, mas cheio de interesses ocultos. Os olhos, apesar de fixos, transmitem emoções díspares — uma mistura de curiosidade, indiferença e talvez uma pitada de desdém. As mãos se estendem em alternativas opostas, tocando o ar com gestos rápidos e inesperados, enquanto os corpos se curvam e se erguem em ângulos estranhos, desafiando qualquer lógica natural. 

Clara virou-se e viu o arquiteto, agora completamente materializado, com um semblante solene. Ele caminhou até a esfera, mas não a tocou. Em vez disso, ficou ao lado dela, observando-a como se fosse um velho amigo

— Este é o núcleo — explicou ele. — Uma fonte de energia que conecta os mundos. Cada pulsação mantém as realidades separadas, mas também permite que elas coexistam. Porém,

Ele apontou para a esfera, que agora pulsava de forma errática, alternando entre brilhos cegantes e quase Ele foi indicado para a esfera, que agora pulsava de forma errática, alternando entre brilhos cegantes e sombras quase impenetráveis. Cada flash de luz parecia invadir seus olhos com uma força quase física, fazendo seu coração acelerar e sua mente se perder em uma névoa de confusão. A esfera, flutuando diante deles, parecia ter vida própria, como se estivesse respirando, se alimentando do ambiente ao redor. Clara podia sentir a tensão no ar, o peso daquilo que estava prestes a acontecer envolvido-a como uma nuvem densa. Cada coração de seu coração parecia ecoar na sala silenciosa, e ela sabia que, naquele momento, o futuro estava sendo decidido. O som da esfera pulsando aumentava, ressoando como um chamado inescapável, enquanto as sombras e as ao seu redor dançavam luzes de forma frenética, como se o próprio ambiente estivesse em equilíbrio instável. Ela sentiu o universo inteiro esperando por sua ação, como se suas escolhas fossem mais significativas do que jamais imaginara. A sensação de estar à beira de algo grandioso e desconhecido a envolver, e, embora o medo tentasse tomar conta, uma força interior se estendesse, empurrando-a para frente, para o que estava prestes a acontecer.

Os brilhos intensos foram seguidos por momentos de escuridão profunda, criando um contraste hipnótico e desconcertante. Cada uma parecia indicar algo, como se a esfera estivesse tentando se comunicar, mas as mensagens eram distorcidas, difíceis de decifrar. Ela se mudou cautelosamente, sentindo a energia estranha que emanava no local...

— Este é o ponto sem retorno. As palavras soaram como um eco...

Ela olhou para a esfera que pulsava, iluminando a sala com uma luz cálida, mas cheia de mistério. A sensação de estar à beira de algo imenso, algo além de sua compreensão, era esmagadora. Mas, ao mesmo tempo, Clara sabia que era justamente naquele ponto que ela tinha sido chamada para estar, e não havia mais como voltar atrás. Cada fibra de seu ser estava em sintonia com aquele momento crucial, e ela sabia, com uma claramente crescente, que este era o destino...

— Para restaurar a harmonia, você precisa oferecer mais do que sua compreensão, Clara. Você precisa oferecer sua confiança, sua entrega ao desconhecido. Só então o equilíbrio

A voz parecia suave e tranquila... Apesar da atmosfera estava carregada de uma tensão indescritível, e Clara sentiu a pressão aumentar, como se o próprio ar estivesse se condensando à sua volta. Mas, em meio à pressão, algo dentro dela se acalmou, como se uma voz silenciosa a orientando a tomar uma decisão certa. Ela olhou para a esfera e, com um movimento quase automático, deu um passo à frente, estendendo a mão a tocou... foi requirida a ofertar algo...

— Oferecer o quê? — Clara redarguiu, sentindo a presença do arquiteto de forma realista e normal. 

— Uma verdade sua, algo essencial — respondeu ele, virando-se para ela com olhos intensos. — A casa de vidro reflete tudo o que somos, mas também tudo o que escondemos. Apenas ao revelar o que está enterrado em seu interior, você poderá estabilizar o núcleo.

Clara sentiu um frio percorrendo sua espinha. A sala parecia esperar, silenciosa, como se prendesse a respiração. 

Clara hesitou, mas algo dentro dela, talvez o desejo por respostas ou o fascínio pelo mistério, a fez aceitar. Ao tocar a superfície do espelho, sente-se puxada por uma força fria. O mundo ao seu redor distorceu-se, e ela acordou em uma versão da casa, mas agora viva, cheia de vozes...

Os convidados da festa olharam-na com curiosidade. Entre eles, o arquiteto apareceu, mas agora em carne e osso. Ele enviou, mas seus olhos brilharam com um mistério que Clara ainda não compreendia completamente.

Ele pensou e sorriu, mas seus olhos brilharam com um mistério que Clara ainda não compreendia completamente. Havia algo por trás daquela expressão, algo que não se revelava facilmente. Ela tentou decifrar os pequenos sinais, as sombras que se escondiam entre as palavras não ditas, mas a sensação de estar à beira de algo grande e desconhecido persistia. O que ele realmente queria transmitir? Ela sentiu uma inquietação crescente, como se estivesse prestes a descobrir uma verdade que, talvez, fosse melhor deixar oculta. Ele a observava com uma calma que beirava a indiferença, mas o brilho em seus olhos traía. 

Agora, era apenas uma questão de tempo até que tudo se desenrolasse. Clara sabia que as respostas estavam mais perto do que imaginava, mas a tensão não ar parecia dobrada a cada segundo. O enigma que ele havia deixado para trás começou a tomar forma, e as peças dispersas de um quebra-cabeça vieram as suas lembranças e pensamentos vagos...

Ela se viu diante de uma escolha: seguir em frente, desafiando o desconhecido, ou se afastar, deixando o mistério intacto, porém, pesando sobre ela como uma sombra eterna. No fundo, sabia que não havia mais volta.

Enquanto o tempo avançava, Clara sentia que o futuro começava a se desenhar diante dela, um caminho que a levaria para um destino que ela ainda não compreendia completamente, mas que, de alguma forma, já começava a sentir como seu. Cada passo que dava se aproximava mais de algo desconhecido, mas ao mesmo tempo familiar, como se as escolhas que ela fazia fossem guiadas por uma força além de sua compreensão. As faixas deixadas ao longo do caminho, os olhares misteriosos e as palavras não ditas, tudo começava a se unir, revelando uma trama maior do que ela poderia jamais imaginar.

Ela percebeu que, em algum nível, sempre saberia que esse momento chegaria. As dúvidas e o medo agora foram eclipsados ​​pela certeza de que, independentemente do que acontecesse, o destino estava chamando o seu nome. O que antes parecia um mistério impossível de decifrar, agora se tornou uma jornada que ela estava pronta para enfrentar, com a confiança de que, no fim, as respostas que procurava estariam exatamente onde precisavam estar: dentro dela mesma. 

Epílogo 

O silêncio que se seguiu foi profundo, absoluto. Clara apareceu ali, no centro daquela sala enigmática, sentindo as últimas reverberações da energia que agora preenchiam o espaço ao seu redor. A esfera, com sua luz suave e constante, havia se acalmado, como se tivesse cumprido sua promessa. O ar estava mais leve, e a atmosfera ao seu redor parecia ter se transformado, agora serena e harmoniosa, como se o universo inteiro tivesse se ajustado à sua decisão. Cada respiração que Clara tomava era mais clara, mais tranquila, como se o peso de um grande fardo tivesse sido retirado de seus ombros. Ela olhou ao redor, sentindo uma conexão profunda com tudo o que a cercava, como se os limites entre ela e o mundo se fossem resolvidos. A sala, antes de carregar de tensão, agora irradiava uma paz inefável. Clara sabia, sem dúvida, que algo fundamental havia sido alterado, não apenas em seu interior, mas no próprio tecido da realidade. Ela havia cumprido seu papel, e a transformação que tanto procurava estava, finalmente concluído... 

Clara olhou para as marcas no chão, que agora estavam apagadas, como se nunca existissem. A sala, antes cheia de uma energia palpável, agora parecia mais serena, como se a harmonia finalmente tivesse sido restaurada. Ela deu um passo para trás, sentindo a realidade ao seu redor começar a se dissolver em uma névoa suave, como se ela estivesse prestes a retornar ao mundo que conhecia.

E, ao voltar para o mundo, Clara percebe que não mais era a mesma. O que quer que ela tivesse experimentado ali, não poderia ser descrito, mas havia sido transformado em algo dentro dela. Ela sentia, no fundo, que seu papel havia sido cumprido, e que agora o mundo, de alguma forma, tinha mudado — ou, pelo menos, ela sabia que sua visão sobre ele, era verdadeira.

À medida que ela avançava em direção ao desconhecido, Clara sabia que o destino, mais uma vez, se encontrava nas mãos do universo. E, desta vez, ela estava pronta. 

Fim...

Por: Igidio Garra®